1920
É comum destacar que Londrina é uma cidade construída por muitas mãos, oriundas de diferentes partes do mundo. Documentos que comprovam isso não faltam. Por exemplo, a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), ainda em meados da década de 1930, registrou em seus cadernos que os lotes vendidos até então foram adquiridos por compradores de mais de 16 países. Entre esses imigrantes, destacavam-se os alemães, os italianos e os japoneses. No entanto, a história frequentemente não dá o mesmo destaque para a contribuição dos brasileiros, especialmente dos nordestinos, que desempenharam um papel essencial no desenvolvimento da cidade.
Essa memória foi resgatada por pesquisadores do Projeto Educação Patrimonial, que recebeu patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). Eles se aprofundaram nos arquivos do Museu Histórico de Londrina com o objetivo de resgatar a história e a importância dos nordestinos que ajudaram a transformar Londrina em um polo econômico e cultural. O estudo revelou que, ao contrário do estereótipo de trabalhadores exclusivamente rurais ou de baixa qualificação, havia médicos, engenheiros e políticos nordestinos que marcaram a trajetória do município. Entre eles, destacam-se Dalton Paranaguá, Hugo Cabral e Leite Chaves, todos prefeitos de Londrina, além do maranhense Odilon Borges de Carvalho, que foi prefeito de Jataizinho e prefeito interino de Londrina em 1946.
Um exemplo emblemático dessa contribuição é o dos irmãos Palhano, que deixaram o Maranhão na década de 1920 e se estabeleceram na região, antes mesmo da fundação oficial da cidade. Filhos de engenheiro, seguiram a mesma profissão e foram responsáveis pela medição dos lotes de terra que posteriormente seriam vendidos pela CTNP. Instalados na Fazenda Palhano — que hoje corresponde a uma das áreas mais desenvolvidas de Londrina —, Kepler, Mábio, Heber, Edson e Dábio exploraram as matas da região, interagindo com indígenas e posseiros locais. Além disso, Heber Palhano foi pioneiro na introdução do chopp gelado na cidade, ao abrir o icônico Bar Líder, na avenida Rio de Janeiro, próximo da Casas Pernambucanas.
A trajetória dos nordestinos em Londrina é uma peça fundamental da identidade londrinense e merece ser lembrada e celebrada como parte essencial da história local.
Fontes: Acervo Folha de Londrina / Projeto Educação Patrimonial / Acervo Londrina Histórica.
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