1930
A história do café no Paraná é um dos capítulos mais emblemáticos da transformação socioeconômica no Brasil. Enquanto outras regiões do estado viviam ciclos como o da erva-mate e da madeira, ou eram impactadas pela pecuária e pela mineração de ouro, a partir do início do século XX, o Norte do Paraná começou a experimentar uma verdadeira revolução com a monocultura cafeeira. Cidades como Londrina nasceram e cresceram sob a égide do "ouro verde", moldando paisagens, economias e culturas. Esse processo, que durou décadas, transformou vastos vazios populacionais em territórios economicamente ativos e culturalmente ricos.
O loteamento das terras cafeeiras atraiu migrantes de todo o Brasil e imigrantes de diversas partes do mundo, como japoneses, italianos e alemães. Essas pessoas trouxeram suas culturas e saberes, criando uma identidade regional única e rica em diversidade. A cafeicultura tornou-se o símbolo do “ouro verde”, movendo sonhos e consolidando cidades que hoje são referências no Paraná.
De acordo com Irineu Pozzobon, no livro “A Epopeia do Café no Paraná”, o ciclo cafeeiro pode ser dividido em três fases principais. De 1900 a 1945, os pioneiros desbravaram terras e implantaram os primeiros cafezais. Entre 1946 e 1974, ocorreu a expansão da cultura, marcada pela adoção de técnicas modernas de plantio e pela consolidação do Paraná como grande produtor nacional. Entretanto, a partir de 1975, o ciclo entrou em retração devido a uma combinação de fatores: geadas devastadoras — especialmente a Geada Negra, que dizimou os cafezais —, a ascensão da soja e do trigo, e o receio de novas catástrofes climáticas.
Apesar do declínio na produção em larga escala, o Paraná encontrou uma forma de resgatar sua tradição cafeeira. O estado começou a investir em cafés especiais, promovendo um renascimento econômico e cultural. Hoje, esses grãos premium levam o nome do Paraná a mercados internacionais, enquanto o hábito de consumir café se enraizou no cotidiano urbano. O ciclo do café é mais do que um fenômeno econômico; é uma narrativa de superação, resiliência e inovação.
A imagem é um frame do filme "Londrina 1959", Orlando Vicentini.
Fontes: POZZOBON, Irineu. A epopeia do café no Paraná. Londrina: Eduel, 2005. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Londrina Histórica.
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