1960
Londrina é um mosaico cultural cujas influências não se ancoram apenas na imigração e no solo fértil da região, mas também nos laços profundos com São Paulo. Entre os anos 1960 e 1980, esse legado foi determinante para a efervescência artística que consagrou a cidade como a vanguarda cultural do estado.
A colonização promovida pela Companhia de Terras Norte do Paraná trouxe muitos pioneiros paulistas para a cidade. Esse fluxo definiu a estrutura social e econômica local e também alimentou uma conexão criativa entre os dois polos. São Paulo, com sua diversidade e modernidade, serviu como referência para a Londrina jovem e buliçosa, enquanto Londrina devolvia essa influência em forma de talentos que despontavam no cenário cultural, como Domingos Pellegrini e Arrigo Barnabé, sem desconsiderar tantos outros nomes que fazem parte dessa história.
Mas o que realmente destacou Londrina foi a diversidade étnica de sua população. Com raízes em mais de 30 etnias, a cidade atraiu japoneses, italianos, alemães, poloneses, portugueses, libaneses e muitas outras culturas. Cada grupo trouxe suas tradições, que não ficaram confinadas à esfera doméstica, mas enriqueceram os espaços públicos e culturais.
Na música, por exemplo, a sofisticação das melodias de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção tem ecos da miscigenação cultural local. O teatro e o cinema exploraram universos que só uma cidade plural como Londrina poderia inspirar. As artes plásticas também absorveram essa diversidade em suas obras, que transitavam entre o moderno e o regional.
A culinária e as celebrações culturais também foram profundamente influenciadas por essa pluralidade. Festas típicas, como as promovidas pelas comunidades japonesa e portuguesa, se tornaram momentos de encontro entre diferentes tradições, refletindo o espírito acolhedor e criativo da cidade. Houve um tempo da Feira das Nações.
Londrina não era apenas uma cidade; era um laboratório cultural que absorvia o passado, dialogava com o presente e projetava suas influências para além do Paraná. Hoje, a cidade ainda carrega esse legado como marca registrada de sua identidade.
Fontes: Monteiro, Nilson. Os loucos anos 1970 em Londrina. Revista da Academia Paranaense de Letras (2016) / Acervo Londrina Histórica.
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