Se a década de 1970 foi culturalmente fértil para Londrina, o jornalismo e a literatura desempenharam papéis centrais na construção dessa identidade. Nas redações e bancadas da universidade, os jovens escritores londrinenses encontraram um espaço de experimentação e expressão. Sob o impacto da ditadura militar, essa geração produziu textos que uniam arte e resistência.

No texto “A literatura da cidade de nuvens de todas as cores”, publicado na Revista da Academia Paranaense de Letras (2016), o escritor Nilson Monteiro relembra como a página “Rascunho”, criada por Domingos Pellegrini e publicada na Folha de Londrina, abrigou poemas, contos e críticas literárias. Mais tarde, o espaço ganhou novos nomes, como Nelson Capucho e Ademir Assunção, mostrando a continuidade de uma tradição que promovia o diálogo entre literatura e jornalismo.

No entanto, não foi apenas na imprensa tradicional que os escritores de Londrina deixaram sua marca. A chamada “geração mimeógrafo” floresceu, espalhando poesia e contos em publicações artesanais. Essas obras eram distribuídas em escolas e universidades, fortalecendo a ideia de uma literatura acessível e coletiva.

Além disso, a efervescência cultural transbordou para o jornal Panorama, onde Monteiro editou a página “Baú”, dedicada à literatura. O jornal também foi casa para nomes como João Antônio, que trouxe seu deboche e criatividade. Esse ambiente incentivou a formação de uma rede de colaboração entre jornalistas e escritores, algo raro para uma cidade do interior na época.

A conexão com outras cidades e estados também fortaleceu Londrina como centro de produção literária. Parcerias com escritores de Curitiba e São Paulo contribuíram para expandir horizontes, enquanto festivais literários reuniam talentos regionais e nacionais. A década de  1970 consolidou Londrina como uma referência para quem via a escrita como arte e resistência.

Fontes: Revista da Academia Paranaense de Letras (2016) / Acervo Londrina Histórica.

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