Londrina nos anos 1970: uma usina de criatividade

1970


Na efervescência cultural dos anos 1970, Londrina emergiu como o epicentro de uma revolução artística e intelectual no Paraná. Jovem, inquieta e pulsante, a cidade acolhia escritores, jornalistas, músicos, artistas plásticos e cineastas que se reuniam para moldar uma cena cultural única, marcada por vanguardas e inovações. A cidade, com sua terra roxa fértil, não só germinava café, mas também ideias e criações que romperiam fronteiras.

Nilson Monteiro, escritor e um dos expoentes da chamada geração “pé-vermelho”, recorda no texto “A literatura da cidade de nuvens de todas as cores”, publicado na Revista da Academia Paranaense de Letras (2016), o fervor daqueles tempos em que a literatura, o teatro e a música dialogavam com a política. Ele descreve como jovens da União Londrinense dos Estudantes Secundários (ULES) se reuniam para criar grupos de teatro, fazer jograis, e organizar festivais literários e palestras. Londrina era, como ele afirma, “libertária” e, naquele contexto, a repressão política do país servia de combustível para a criatividade.

A cidade também atraía olhares de fora. Em 1985, Paulo Leminski destacou a ausência de provincianismo em Londrina, que, segundo ele, ultrapassava Curitiba em termos culturais. Era a vanguarda paranaense, onde nomes como Domingos Pellegrini, Arrigo Barnabé, e Itamar Assumpção se consolidarvam. A presença de diversas etnias e um vínculo histórico com São Paulo enriqueceram ainda mais o caldo cultural da região.

Os festivais literários e artísticos, como o Festival de Música e Poesia de Paranavaí (Femup), marcaram a trajetória de muitos desses artistas. Nas palavras de Nilson Monteiro: “em 1971, os três primeiros colocados em poesia estavam dentro do fusca londrinense: Domingos Pellegrini, Nilson Monteiro e Marcelo Oikawa”. E assim, com a diversidade criativa que transitava entre bares, universidades e espaços culturais, Londrina consolidou-se como uma cidade plural e inspiradora.

Na foto, Domingos Pellegrini e Nilson Monteiro, na redação do jornal Folha de Londrina, nos anos 1970.

Fontes: Revista da Academia Paranaense de Letras (2016) / Acervo Londrina Histórica.

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