Hikoma Udihara e Claude Lévi-Strauss: encontros e desencontros na Terra Vermelha

1930

A década de 1930 foi um período de intensas transformações no Brasil, especialmente nas regiões em desenvolvimento, como o Norte do Paraná. Londrina, ainda em seus primórdios, tornou-se ponto de convergência para personagens que, embora vindos de contextos distintos, contribuíram para a compreensão e registro dessa terra fértil. Dois nomes se destacam: Hikoma Udihara e Claude Lévi-Strauss.

Hikoma Udihara, pioneiro do cinema londrinense, começou a registrar a região em 1932, antes mesmo da fundação oficial da cidade em 1934. Com sua câmera 16mm, Udihara filmou a colheita de algodão e a vida dos imigrantes japoneses, utilizando essas imagens para atrair mais colonos ao norte do Paraná. Sua abordagem documental, embora simples, capturava a essência de uma terra em formação.

Paralelamente, em 1935, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss chegou ao Brasil, iniciando uma série de pesquisas que o tornariam um dos mais influentes pensadores do século XX. Em sua passagem por Londrina, Lévi-Strauss observou as dinâmicas sociais e culturais, embora seu foco principal estivesse nas sociedades indígenas brasileiras.

Os caminhos de Udihara e Lévi-Strauss não se cruzaram diretamente, mas ambos registraram, cada um à sua maneira, a complexidade e diversidade do Brasil daquela época. Enquanto Udihara documentava o cotidiano e os ícones do desenvolvimento de uma cidade, Lévi-Strauss buscava entender as estruturas sociais e os mitos que permeavam as culturas indígenas.

A conexão entre esses dois personagens ressalta a riqueza cultural e histórica de Londrina. Udihara, por meio de seus filmes, oferecia uma visão interna, promovendo a região e contribuindo para seu desenvolvimento. Lévi-Strauss, por sua vez, trazia um olhar externo, analítico, inserindo o norte do Paraná em um contexto mais amplo de estudos antropológicos.

Essa coincidência temporal destaca Londrina como um espaço de encontros significativos. A presença de Udihara e Lévi-Strauss na região evidencia como a cidade, mesmo jovem, já era palco de importantes movimentos culturais e intelectuais.

Fontes: Cesaro, Caio Julio. "Memória: Produção Cinematográfica em Londrina", 1995. / Revista Taturana, edição de dezembro de 2009. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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