Hikoma Udihara: o visionário que antecipou Londrina

1934


É curioso pensar que o cinema em Londrina nasceu antes mesmo da cidade existir oficialmente. Em 27 de abril de 1934, quando a área ainda era uma fronteira em desenvolvimento, o japonês Hikoma Udihara registrou com sua câmera 16mm uma colheita de algodão no sítio de Massaji Ohara e Massahiko Tomita. Apenas oito meses depois, em 10 de dezembro de 1934, Londrina seria oficialmente fundada.

Udihara imigrou para o Brasil em 1910, quando tinha 27 anos. Mais tarde, sua jornada o levou a atuar como agente da Companhia de Terras Norte do Paraná, onde enxergou no cinema uma ferramenta poderosa para atrair imigrantes japoneses. Entre 1932 e 1962, ele produziu aproximadamente 10 horas de material, distribuídas por cerca de 124 filmes curtos. 

O que muitos não percebem é que a contribuição cinematográfica de Udihara vai além de ser um cinegrafista amador; ele era um estrategista cultural. Seus filmes funcionavam como uma janela para um novo mundo, convencendo famílias inteiras a se mudarem para uma região até então desconhecida. Essa conexão entre cinema e colonização é um dos aspectos mais fascinantes de sua trajetória.

Neste contexto, é interessante notar que Udihara começou a filmar três anos antes da chegada do antropólogo Claude Lévi-Strauss à região, em 1935. Enquanto Lévi-Strauss documentava as sociedades indígenas brasileiras, Udihara registrava o nascimento de uma comunidade agrícola multicultural. Suas imagens ultrapassam os limites do registro histórico e se tornam também um testemunho do espírito pioneiro que moldou Londrina.

Na foto de 1930, está o primeiro grupo de compradores de terras chegando em Londrina. 

Em tempos em que a memória pode se perder na velocidade das novas tecnologias, redescobrir figuras como Hikoma Udihara é essencial para compreendermos as raízes de nossa identidade cultural. Afinal, entender o passado é fundamental para construir o futuro.

Fontes: Cesaro, Caio Julio. "Memória: Produção Cinematográfica em Londrina", 1995. / Revista Taturana, edição de dezembro de 2009. / Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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