O Cine Theatro Municipal, inaugurado em 2 de julho de 1940, desempenhou um papel fundamental na construção do imaginário coletivo e na formação cultural da cidade. Em uma época em que Londrina ainda se desenvolvia e buscava sua identidade, o cinema foi um espaço de encontro e de partilha, onde pessoas das mais diversas classes sociais e nacionalidades se reuniam para sonhar, rir e se emocionar juntas. Com capacidade para 800 espectadores, o Cine Theatro se tornou um símbolo da vida cultural efervescente de Londrina.

A presença de um piano na ante sala, que tocava músicas ao vivo antes das exibições, ajudava a criar um ambiente especial para os frequentadores, enquanto a bomboniére oferecia pipoca e amendoim, proporcionando uma experiência completa de entretenimento. As sessões, muitas vezes lotadas, ofereciam filmes de todos os gêneros, desde aventuras como Tarzan e faroestes, até filmes japoneses que atraiam a numerosa colônia japonesa da cidade. Essa diversidade cultural presente no cinema ajudou a aproximar pessoas de diferentes origens e a criar um espaço de troca afetiva e social.

A localização também era estratégica, o cinema ficava na avenida Rio de Janeiro, a poucos metros da igreja matriz (onde hoje está a Catedral de Londrina). O cinema se tornou um meio de conexão com o mundo, apresentando aos londrinenses histórias que lhes permitiam viajar sem sair do lugar. Segundo o cineasta Rodrigo Grota, em entrevista ao jornal Folha de Londrina, a influência do cinema na produção cultural de Londrina foi profunda, inspirando artistas como o fotógrafo Haruo Ohara e o músico Arrigo Barnabé, que se alimentaram do imaginário cinematográfico em suas criações.

No entanto, apesar do cinema pretender ser um espaço democrático por natureza, a Londrina das décadas de 1940 e 1950 ainda enfrentava desigualdades sociais. Havia sessões específicas para grupos marginalizados, o que reflete as tensões e divisões presentes na sociedade daquela época. Mesmo assim, o Cine Theatro Municipal foi um ponto de encontro importante, onde o sonho e a fantasia se misturavam à realidade, ajudando a moldar a identidade cultural da cidade.

Fontes: Acervo Folha de Londrina / Museu Histórico Padre Carlos Weiss / Livro Memórias Fotográficas, Paulo César Boni / Acervo Londrina Histórica.

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