A versão de José Joffily para a Missão Montagu

1924

A versão de José Joffily para a Missão Montagu


A colonização de Londrina e do Norte do Paraná sempre esteve intimamente ligada à presença dos investidores ingleses. Há diversas versões sobre a presença desses estrangeiros nestas terras vermelhas. Uma delas retrata os ingleses como os salvadores que trouxeram desenvolvimento ao estado do Paraná. No entanto, o livro “Londres - Londrina”, escrito por José Joffily e publicado em 1985, oferece um ponto de vista mais crítico e detalhado dessa relação, revelando que a presença inglesa no Brasil e, especificamente, no Norte do Paraná, foi muito mais motivada por interesses financeiros do que por um desejo altruísta de promover o progresso no país.

A narrativa que José Joffily constrói começa em 1922, quando o governo brasileiro, então liderado por Epitácio Pessoa, recorreu ao banco londrino N. M. Rothschild & Sons para obter um empréstimo de aproximadamente 9 milhões de libras. Esse empréstimo marcou o início de uma relação financeira que se intensificaria no ano seguinte, quando o presidente Artur Bernardes contraiu outro empréstimo do mesmo banco, quase três vezes maior que o primeiro. A crescente dívida externa brasileira com os ingleses foi o ponto de partida para uma série de eventos que culminaram na entrada dos investidores britânicos no solo brasileiro.

Joffily descreve como, em 1923, diante da pressão crescente dos credores em Londres, o governo brasileiro se viu forçado a aceitar uma “simulação” de convite para que os ingleses viessem ao Brasil. Esse convite, na verdade, não foi uma iniciativa genuína do governo brasileiro, mas sim uma resposta à pressão financeira vinda dos seus credores. Em novembro daquele ano, o presidente brasileiro aceitou o convite “forjado”, e em dezembro, a Missão Montagu, liderada por Lord Montagu, chegou ao Rio de Janeiro para avaliar a situação financeira do Brasil.

O autor destaca que, naquela época, a política externa britânica era guiada pelo princípio de que os países pobres, incapazes de exercer plenamente sua autodeterminação, deveriam ser orientados pelas nações mais desenvolvidas e experientes, como a Inglaterra. Esse “encargo sagrado da civilização”, como era chamado, na prática significava que os ingleses viam o Brasil como mais um território a ser explorado economicamente, sob o pretexto de ajudar no seu desenvolvimento.

Na foto, Simon Joseph Fraser, Lord Lovat e Simon Christophe.

Fontes: Londres - Londrina. José Joffily, 1985. Editora: Paz Terra.  / Acervo Londrina Histórica.

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