Em um cenário marcado pela emergência sanitária e pelo esforço comunitário, a história do Hospital dos Indigentes de Londrina é um exemplo vívido de solidariedade e resistência em meio a adversidades. Surgido em 1937, durante um devastador surto de febre tifóide que começou em Rolândia, este pequeno hospital, carinhosamente apelidado de “Hospitalzinho”, foi a resposta imediata de uma comunidade unida diante da crise de saúde pública.

Iniciativa do delegado de higiene Gabriel Martins e do secretário municipal Adriano Marino Gomes, o hospital dos Indigentes nasceu de uma necessidade urgente, mas logo se tornou um símbolo de luta e esperança para os habitantes da região. Apesar de suas instalações precárias, com apenas dez leitos disponíveis e uma cozinha como único diferencial comparado ao Hospital da Companhia de Terras Norte do Paraná, a instituição sobreviveu graças às doações da comunidade e da empresa colonizadora e por meio dos subsídios da prefeitura, além do trabalho voluntário da população e dos profissionais de saúde que chegavam à cidade.

Localizado próximo à linha férrea, em uma casa de madeira de propriedade de Alexandre Razgulaeff — engenheiro agrônomo e membro da caravana pioneira de colonização da região —, o hospital atendeu aos afetados pelo surto inicial e, sempre sobrecarregado, também se tornou um bastião contra futuras crises sanitárias, como a dramática epidemia de malária de 1941.

Naquela época, a luta contra a "maleita" dominou as manchetes, expondo a precariedade das condições no hospital, que sofria com a falta de medicamentos e recursos básicos. No entanto, foi também um momento que demonstrou a resiliência da comunidade londrinense, que se uniu em uma série de eventos beneficentes — desde grandes bailes a embates futebolísticos inusitados entre "Gordos x Magros" — para arrecadar fundos e sustentar o hospital em seus momentos mais críticos. O legado do hospital dos Indigentes, que funcionou até a inauguração da Santa Casa, em 1944, é uma crônica de humanidade e solidariedade. 

Na foto, trecho da ata de encerramento do hospital de Indigentes.

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.

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