1930
Japão, 1882. Bairro de Terano, nº 74, do povoado de Kami-Yakawa, município de Agawa (Província de Kochi). Em 7 de novembro, na família de Bunshiro e Sem Udihara, nascia o filho primogênito, Hikoma. Os pais tinham boa informação e ocupavam altos cargos de agentes do correio da cidade de Kochi. Num Japão de grandes transformações, após o período feudal, Hikoma Udihara foi estudar. Concluiu o curso primário em março de 1897 e seguiu para Osaka, a fim de fazer a Escola de Comércio "Meichin", de onde saiu – com diploma – em abril de 1899.
O período das imigrações para Ocidente ainda não havia começado. No entanto, com 17 anos de idade, de volta a Kochi, Hikoma Udihara frequentou a Escola "Koyo", de línguas ocidentais. Em seus dados biográficos há um hiato entre 1901 e 1906. No período entre 1907 e 1909, teria se dedicado à atividade de agrimensor. A propaganda de um “paraíso” no ocidente, com terras férteis que davam comida farta, o contagiou. Aos 27 anos, decidiu o seu destino: viajar para o Brasil. Casou-se com a jovem Mitsuyo e, por meio da Companhia Introdutiva Takemura Imin Goshi Kaisha, em 30 de abril de 1910, o casal embarcou do Porto de Kobe.
"Ryojun-Maru" foi o segundo navio de japoneses que teve como destino o Brasil. O contrato de trabalho no Brasil tinha como uma das exigências que as roupas que vestiam e que carregavam na bagagem fossem no “estilo ocidental”. A viagem durou cerca de 60 dias, tendo chegado a Santos em 28 de junho. Em terras brasileiras, o destino do casal Udihara foi a Fazenda Guatapará, localizada próxima à linha ferroviária Mogiana, no estado de São Paulo. Em julho, com outros japoneses do navio, começou a trabalhar como lavrador, em plantações de café. A experiência como agrimensor e o ano de estudo de línguas ocidentais fizeram Hikoma Udihara se destacar. Pouco demorou para ser promovido a capataz.
Depois de dois anos, cumprido o contrato inicial, Udihara atendeu a um pedido do administrador e permaneceu na fazenda até o final de 1914, trabalhando na chácara e no escritório da Fazenda Guatapará. Depois, mudou-se para São Paulo. Foi intérprete, carpinteiro, garçom, motorista, fotógrafo, copeiro e mordomo. A vida na capital não era fácil para um imigrante, e ele já tinha seus três filhos nascidos: Satico, Massaki e Isao. A partir de 1920, dedicou-se à corretagem de terras e à colonização. Contribuiu para a fundação de colônias e núcleos coloniais de imigrantes japoneses nas zonas servidas pelas estradas de ferro Noroeste Paulista, no estado de São Paulo, e na região de Cambará, no estado do Paraná.
Em 1922, teve contato com as “terras roxas” do Norte do Paraná, quando prestava serviços para a Companhia Agrícola Barbosa Ferraz, de Cambará. Anos depois, conheceu Arthur Thomas, gerente geral da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP). E, em 1925, aceitou o convite do senhor Thomas para trabalhar na CTNP e ser o vendedor exclusivo para as negociações com os imigrantes japoneses. O Norte do Paraná era sertão. Hikoma tomou o cuidado de coletar amostras de água da região e mandar para análise de qualidade, em São Paulo. A água era boa, muito boa. Em novembro de 1928, conforme sua autobiografia, foi o responsável pela venda dos dois primeiros lotes de terras da Companhia de Terras Norte do Paraná.
Fontes: “Memória: Produção Cinematográfica em Londrina”, de Caio Julio Cesaro – monografia de conclusão do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, Universidade Estadual de Londrina, 1995 / “A Saga dos Japoneses no Paraná – de imigrantes a pioneiros”, de Homero Oguido. 2ª edição, Curitiba, 1.988. Gráfica Ipê. / Acervo Londrina Histórica.
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