Londrina: a cidade que quase não aconteceu

1931

A história que conhecemos de Londrina poderia ter sido inviabilizada por uma medida tomada pelo governo federal no começo da década de 1930. Foi em 11 de fevereiro de 1931 que o governo federal assinou o decreto 19.688, estabelecendo medidas radicais em relação à cultura do café: proibiu por cinco anos o seu plantio, determinou o confisco de 20% da colheita, além da compra e da queima das reservas pelo governo. O decreto foi motivado devido à superprodução do grão e à consequente derrocada dos preços no mercado internacional.

Essa medida federal impactaria decisivamente os planos da colonizadora para Londrina e, por consequência, também as expectativas do governo do Paraná em relação ao desbravamento da nova fronteira agrícola. Felizmente, um grupo formado por Lord Lovat, Arthur Thomas, João Sampaio, Mário Tourinho – general designado pelo governo federal como interventor no estado – e João de Oliveira Franco – advogado que representava a Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, mobilizou-se rapidamente para encontrar uma solução que excluísse o Paraná do famigerado decreto.

Foi preciso ganhar aliados fortes para essa causa. A História credita a Tourinho e a Oliveira Franco o feito de terem articulado com os interventores no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, convencendo-os a participarem do projeto. O passo decisivo veio a seguir, quando conseguiram do advogado Alfredo Bernardes da Silva um parecer jurídico para a exceção desejada.

Com mais alguma articulação política, o documento chegou às mãos do ministro da Fazenda, José Maria Whitaker que, após a devida análise da causa e osprocedimentos burocráticos de praxe, encaminhou a inclusão de uma cláusula no Acordo do Café, assinado em 24 de abril de 1931, excluindo da proibição os estados que ainda não tinham 50 milhões de cafeeiros, enquadrando-se ali o Paraná, o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

Fontes: “Londrina aos 86 anos, com a ousadia de origem”, Widson Schwartz. CBN Londrina. 2020 / Acervo Museu Histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss / Acervo Londrina Histórica.