Desde a saga de Alexandre Beltrão que realizou em 1926 o reconhecimento das terras que seriam transferidas pela Cia. Marcondes à CTNP, foram três anos, uma espera repleta de expectativas e burocracias, até que finalmente o Departamento de Terras e Colonização emitisse os pareceres técnicos e jurídicos indispensáveis à aprovação pelo Estado. Em 24 de abril de 1929, o governador Affonso Alves de Camargo oficializou o negócio que mudaria o destino da região. Um passo firme em direção à colonização.

Em 20 de agosto de 1929, a aurora viu a partida da expedição de Ourinhos-SP. Ao final da tarde, a cidade de Jataí recebeu os viajantes com sua hospitalidade peculiar, abrigando-os sob um rancho de palmitos erguido por Ian Fraser, um escocês ligado à Companhia Maxwell. O chefe da comitiva era George Craig Smith, foi ele também quem fez os relatos que permitiram a produção deste texto.

O desafio continuou com a travessia do Rio Tibagi, na manhã seguinte. Sem pontes ou balsas, homens e animais enfrentaram as águas, um a um, guiados por mãos habilidosas e corações destemidos. Enquanto um remava em uma canoa feita de tronco de árvore, outro segurava o burro pelo cabresto e guiava-o até a outra margem; procedimento repetido várias vezes.

A margem esquerda os aguardava, um picadão sombrio e cheio de obstáculos: tocos e buracos. A jornada era repleta de perigos, com burros assustados e com alguma carga que se perdia no caminho.

E então, no "Patrimônio Três Bocas", chegaram seus pioneiros. O engenheiro Alexandre Razgulaeff, com orgulho, fincou o primeiro marco, anunciando: "chegamos". O grupo havia alcançado a nascente de água, Flor D’Água, como era conhecida dos caboclos (hoje Córrego das Pedras), ponto de partida da vasta área de terras de propriedade da Companhia de Terras Norte do Paraná.

A clareira aberta e os primeiros ranchos erguidos marcaram o início de uma nova era. Era 21 de agosto de 1929, como ficou oficializado, ou talvez o dia fosse o 22, conforme anotou Erwin Fröhlich.

Tomaram parte nesta expedição Alberto Loureiro, Alexandre Razgulaeff, Erwin Fröhlich, Geraldo Pereira Maia, George Craig Smith, Joaquim Benedito Barbosa, Kurt Jakowatz, Spartaco Bambi (também agrimensor) e alguns “camaradas” não nominados na história.

Fontes: “Londrina aos 86 anos, com a ousadia de origem”, Widson Schwartz. CBN Londrina / Acervo Londrina Histórica.

Outras publicações:

"Brasil: moradores alemães no Norte do Paraná" – 2ª parte

"Brasil: moradores alemães no Norte do Paraná" – 1ª parte