Escândados da Província

1959


Era o ano do Jubileu de Prata de Londrina, e a cidade fervilhava com uma série de acontecimentos que marcariam a sua história. Entre eles, um jovem jornalista e escritor de apenas 25 anos, Edison Maschio, produzia algo que abalaria as estruturas locais. Reconhecido como o primeiro romance totalmente escrito, ambientado e publicado na cidade, "Escândalos da Província", segundo o próprio autor, trata-se de uma obra de ficção não inspirada em fatos reais que traz histórias de uma sociedade achatada pela corrupção. 

Nascido de família italiana, Maschio mergulhou em sua escrita com um toque satírico, que lhe renderia mais do que aplausos e reconhecimento. O escritor não esperava a repercussão que a obra causou. O livro agitou a cidade, correram boatos de que o romance revelava alguns aspectos obscuros da vida privada de alguns figurões locais. Ele recebeu ameaças de morte e a polícia até mesmo tentou apreender parte da publicação. O autor fugiu para São Paulo, numa medida de auto-exílio, voltando para Londrina somente quando o assunto perdeu fôlego.

Entretanto, a controvérsia apenas incitou a curiosidade dos leitores. O romance vendeu como jamais visto na literatura londrinense, com a tiragem de dois mil exemplares esgotada em pouco mais de uma semana - um verdadeiro fenômeno.

O livro mostra a habilidade de Maschio de mesclar histórias não oficiais e crítica social, com um toque de sensacionalismo, provocando no leitor dúvida e fascinação. Entre as histórias presentes no livro estão, por exemplo, o desfile das prostitutas carecas em plena luz do dia, na avenida Paraná e o crime do juiz Ismael Dorneles de Freitas, assassino confesso do advogado Alcides Tomazetti.

"Escândalos da Província" tornou-se um importante documento histórico para os interessados na memória de Londrina, justamente por apresentar um ponto de vista pouco convencional sobre a história da cidade. Assim, a obra foi escolhida como o primeiro volume da coleção Doc.Londrina, da editora Kan. A reedição, feita por Tony Hara e Marcos Losnak, foi publicada em novembro de 2011 e contou com o patrocínio do Promic – Programa Municipal de Incentivo á Cultura.

Fontes: Doc. Londrina, disponível em https://doclondrina.blogspot.com / Academia de Letras, Ciências e Artes de Londrina / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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