Na história de Londrina, um mineiro de nascimento, mas londrinense de coração, traçou uma trajetória singular que costurou laços entre agulhas, linhas e a comunidade negra. Antônio Ezídio da Silva, o Ezídio Alfaiate, nunca desempenhou papel de liderança nos movimentos políticos, mas era presença cativa nos espaços de sociabilidade negra. O movimento negro da cidade reconhecia nele um amigo e colaborador fiel, convidando-o frequentemente para atos solenes e homenagens.

Ezídio contribuiu para a fundação da Associação Recreativa Operária de Londrina – AROL. O clube funcionou por cerca de 25 anos, entre 1956 e 1981, sendo o epicentro de manifestações, palestras e ações que fortaleciam a comunidade negra da cidade. Ezídio era um frequentador do local, convivia com os membros e participava nas ações do clube. Era um amigo e colaborador fiel, que costurava não apenas os ternos de seus membros, mas também o afeto e a união daquela comunidade.

Além de sua participação na AROL, Ezídio deixou sua marca na história ao fundar o clube de futebol 13 de Maio, em Londrina, simbolizando a resistência e a luta pela liberdade. Se retirou alguns anos depois e pouco à frente o clube deixou de existir. 

A vida de Ezídio foi pautada por valores nobres e momentos de reconhecimento. Em novembro de 2011, a Câmara de Vereadores, por iniciativa dos vereadores Prof. Rony e Tito Valle, homenageou o pioneiro Antônio Ezídio da Silva, com o Prêmio Zumbi dos Palmares. O prêmio foi instituído por meio do Decreto Legislativo 197/2000, visando homenagear anualmente na data da morte de Zumbi dos Palmares (20 de novembro), pessoas físicas ou jurídicas que se destacarem na defesa das pessoas negras.

Ezídio faleceu em junho de 2020, aos 83 anos.

Fontes: A Londrina (também) dos Negros: As Trajetórias de Ezídio Alfaiate e do Reverendo Jonas, por Marcos Alberto da Silva Melo, Departamento de Letras e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Londrina, 2010. / ALMEIDA, Idalto Jose. Presença negra em Londrina: história da caminhada de um povo. PROMIC, Londrina e Fundação Cultural Palmares: Brasília, 2004. / Gina Mardones / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.

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