1934
No vasto território paranaense, encontramos uma diversidade de sotaques. Não há um único "sotaque paranaense", mas uma miríade de formas de falar que refletem as diferentes regiões e influências culturais que moldaram o Estado. No Norte do Paraná encontramos uma sonoridade peculiar, uma fusão do paulista do interior com o mineiro do Sul. É o sotaque “Pé Vermelho”, caracterizado por um "R" acentuado e prolongado que colore as palavras.
Ao percorrer as ruas de Londrina, por exemplo, é comum ouvir expressões como "porrrrrrrrta" e "porrrrrtão". O som do "R" retroflexo se faz presente, dando um ritmo particular à fala da região. A teoria sustentada por Vanderci de Andrade Aguilera, professora da Universidade Estadual de Londrina, nos leva a entender a origem desse fenômeno linguístico.
De acordo com Aguilera, a presença marcante desse sotaque está ligada ao contato do português com os povos indígenas, especificamente pelos Bandeirantes. Nas línguas Tupi-Guarani, as letras "R" e "L" não existem. Diante dessa dificuldade de pronúncia, repetiam as palavras várias vezes para enfatizar o som, criando assim a peculiaridade do sotaque. "Porrrrrrrrta", "verrrrrrde" e "carrrrrrta" se tornaram parte da identidade sonora da cidade e região.
Também, acredita-se que o sotaque do londrinense foi influenciado pelo modo de falar dos imigrantes que nesta terra chegaram, vindos de uma série de países diferentes, com suas línguas e jeito de falar próprios. Essa diversidade étnica e cultural moldou o tecido social e linguístico da região, fazendo do sotaque “Pé Vermelho” um hino à riqueza linguística e ao encontro de diferentes povos.
Fontes: Acervo Londrina Histórica.
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