Um acervo cinematográfico a 18 quadros por segundo

1932


O pioneiro e cineasta Hikoma Udihara produziu ao longo de sua vida 128 rolos de filmes. 124 deles acabaram sendo entendidos como o conteúdo e a extensão de uma obra. O cineasta escrevia nas próprias latas dos materiais uma breve descrição do assunto registrado e estas anotações tornaram-se os títulos dos filmes. Essas produções, reversíveis como slides, não possuíam negativos nem cópias, sendo compreendidas como um tesouro singular e frágil. 

Na época em que esses filmes foram realizados, a consciência sobre a preservação cultural ainda não havia se solidificado. O cuidado com o acervo era uma preocupação distante, o que resultou em perdas ao longo dos anos. No final dos anos 1970, o filho Isao e a nora Casuê resolveram doar os filmes e os equipamentos cinematográficos de Hikoma para o Museu Histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss. 

Em 1984, o museu, diante da falta de espaço adequado para a preservação do acervo, realizou o depósito dos filmes na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Apesar dos cuidados técnicos disponíveis, o tempo não poupou os filmes de Udihara. A decomposição gradual consumiu alguns deles por completo, enquanto outros perderam sua capacidade de serem projetados. O suporte encolheu, abaulou, cristalizou-se, ou as imagens descoraram. Lentamente, parte dos registros do passado de Londrina e das manifestações culturais japonesas foram sendo apagados.

No entanto, a importância desse acervo não poderia ser ignorada. Por meio do projeto "LondrinaCinema70 - Restauração de Trecho da Obra Fílmica de Hikoma Udihara", aprovado no PROMIC - Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina e iniciado em 2004, e com o apoio da Labo Cine, um laboratório cinematográfico localizado no Rio de Janeiro, mais de uma hora das imagens produzidas pelo pioneiro foram recuperadas com a utilização de processos fotoquímicos. Esse projeto se tornou um marco importante, sendo o primeiro no Brasil a restaurar obras cinematográficas com o respaldo financeiro de uma lei municipal de incentivo à cultura.

Fontes: “Memória: Produção Cinematográfica em Londrina”, de Caio Julio Cesaro – monografia  de conclusão do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, Universidade Estadual de Londrina, 1995 / “A Saga dos Japoneses no Paraná – de imigrantes a pioneiros”, de Homero Oguido. 2ª edição, Curitiba, 1.988. Gráfica Ipê. / Acervo Londrina Histórica. 

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