Quando o poderoso empresário Celso Garcia Cid construiu seu palacete neoclássico em 1945, sua intenção parecia clara: erguer em Londrina uma residência tão imponente que pudesse hospedar com honras governadores e outras autoridades de Estado.

O luxuoso casarão de 1.085 metros quadrados, concluído dois anos mais tarde, em 1947, tinha arquitetura inspirada em palácios europeus e destoava fortemente da paisagem que caracterizava Londrina naquela época, ou seja, as casas de madeira, que predominaram até o início dos anos 1940. Seu amplo jardim, repleto de palmeiras imperiais e outras raridades botânicas, também contrastava com as picadas ainda precárias que cortavam a cidade. Cabe mencionar também os móveis importados.

O Palacete dos Garcia coroava simbolicamente a extraordinária ascensão social e econômica de seu idealizador. O menino pobre galego, que chegou anos antes para erguer Londrina com seu próprio suor, agora morava no endereço mais nobre da cidade e recebia figuras ilustres em grandes banquetes.

A residência tornou-se ponto de encontro da alta sociedade e palco de eventos importantes. Celso tinha orgulho de receber governantes e personalidades, como o próprio Juscelino Kubitschek. O luxuoso banquete oferecido na ocasião entrou para a história da cidade. O palacete recebeu muitos governadores, de Moisés Lupion a Paulo Pimentel, que inclusive despacharam no local.

Até 1980, o casarão permaneceu como lar da família e centro de reuniões da alta sociedade local. Uma iniciativa da própria família levou o imóvel a ser tombado, em 2011, como Patrimônio Cultural pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná (CEPH). 

Segue de pé desde então como relíquia arquitetônica e testemunho do menino sonhador que um dia desembarcou em Santos disposto a conquistar seu espaço no mundo. 

Fontes: Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.