Justiniano Clímaco da Silva, o “Doutor Preto”, embarcou em Salvador num navio de passageiros alemão – General Saint Martin, até o porto de Santos, em São Paulo. Continuou sua viagem em um trem com destino a Londrina, onde desembarcou em julho de 1938.

A nova fronteira chamada Londrina não era mesmo para os fracos de espírito. O médico logo se deparou com a dura realidade da calamidade pública, com malária e febre amarela se espalhando entre os moradores. Enfrentando mosquitos e mato, ele alugou uma sala, organizou seu consultório e mergulhou em seu ofício. 

“Doutor Preto”, como passou a ser conhecido, estava diante de uma cidade em crescimento, mas com infraestrutura precária e carente de recursos médicos. Sua humildade e generosidade tornaram-no uma referência de cura para os menos afortunados. Não cobrava de quem não podia pagar pelos seus serviços médicos. Diante dos poucos meios, suas técnicas artesanais de diagnóstico e seu atendimento ganharam a confiança da população.

Tornou-se lendário o seu carro Ford Model A, de 1928, com o qual Clímaco percorria fazendas e sítios para atendimentos domiciliares, transportando pacientes graves para tratamentos em Curitiba, uma jornada épica em estradas precárias, que considerando as limitações da época, era uma viagem que podia demorar dias para vencer os 400 km de distância, enfrentando poeira, buracos e lamaçal. 

Em 1941, foi um dos fundadores da Associação Médica de Londrina. No início dos anos 1950, em sociedade com o médico  ngelo Decânio, fundou o extinto Hospital Santa Cecília, que era localizado na rua Belo Horizonte (centro). Além de trabalhar no Hospital Santa Cecília, atuou na Santa Casa de Londrina. 

Fontes: “Ruas, praças, avenidas e próprios públicos do município de Londrina denominados em 2002 - Biografia dos homenageados”, publicado pela Câmara Municipal de Londrina, em 2003. /  “O Doutor Preto Justiniano Clímaco da Silva: a presença negra pioneira em Londrina”, Mariana Panta e Maria Nilza da Silva. 2011. / Acervo Londrina Histórica.