Ezídio Alfaiate: pioneiro e ícone da presença negra em Londrina I

1943


Em Londrina, um homem tornou-se uma verdadeira lenda em seu ofício. Antônio Ezídio da Silva, carregou consigo a sabedoria e foi se aperfeiçoando em uma profissão cada vez mais rara, a arte da alfaiataria, ficando conhecido carinhosamente como Ezídio Alfaiate. Segundo as fontes pesquisadas, Ezídio nasceu em setembro de 1936, em Monsenhor Paulo, sul de Minas Gerais.

Chegou em Londrina, em 1943, e logo se viu trabalhando na lavoura, como era comum naquela época. Mas seu pai desejava uma vida mais leve para o filho, decidiu que ele deveria aprender uma profissão diferente. Foi assim que, aos treze anos, Ezídio deu os primeiros passos na alfaiataria. Mergulhou nesse ofício, começando a exercer a profissão em 1950.

Aos 19 anos, corajoso e talentoso, Ezídio inaugurou a Alfaiataria Cruzeiro, estabelecendo seu reduto na rua Araguaia, na vila Nova. Sua fama cresceu e sua habilidade com os ternos o tornou uma referência no ofício. Pouco depois, migrou para um dos primeiros edifícios erguidos em Londrina, o Autolon, ao lado do Cine Teatro Ouro Verde, sendo o primeiro ocupante do prédio na sala 510, do 5º andar.

No auge do crescimento econômico impulsionado pela cultura do café, Ezídio foi testemunha do florescer de Londrina e teve o privilégio de vestir grandes personalidades: empresários, governadores, juízes, prefeitos e advogados. Atendeu várias gerações de uma mesma família. O pecuarista e usineiro Serafim Meneghel, o advogado Mauro Viotto e o hoteleiro Roberto Vezozzo são apenas alguns dos que reconheciam a maestria de Ezídio e se tornaram clientes assíduos de seu ateliê. Ao longo de sua carreira foram milhares de ternos confeccionados.

Ezidio foi exímio alfaiate, que como poucos dominava os traços e cortes perfeitos. Cada terno era único. Sempre dedicou-se a aprender mais sobre o seu ofício. Era considerado um artista da sua arte. Mas Ezídio era mais do que um habilidoso alfaiate; ele gostava de uma boa conversa. Sempre que alguém o visitava em seu ateliê, ele parava para compartilhar uma história, o que fazia seus clientes se encantarem não apenas com os ternos, mas também com a figura carismática do próprio.

Além de alfaiate, Antônio Ezídio foi síndico do Edifício Autolon por mais de 35 anos, dos quase 70 anos em que manteve sua alfaiataria naquele prédio. Ezídio Alfaiate foi a referência mais duradoura do Autolon. Trabalhou em seu ateliê até 2018. A partir de então, os filhos montaram um novo ateliê na chácara onde o alfaiate vivia e era lá que ele ainda recebia algumas encomendas de seus clientes mais fiéis.

Em 27 de junho de 2020, aos 83 anos, quando o mundo ainda se agitava sob os efeitos de uma pandemia, Antônio Ezídio da Silva faleceu. Segundo publicado na Folha de Londrina, Ezídio foi internado com insuficiência respiratória, mas o resultado do seu exame deu negativo para Covid-19. Casado por 60 anos com Dirce, ele construiu uma família. O casal teve oito filhos, oito netos e nove bisnetos.

Fontes: A Londrina (também) dos Negros: As Trajetórias de Ezídio Alfaiate e do Reverendo Jonas, por Marcos Alberto da Silva Melo, Departamento de Letras e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Londrina, 2010. / ALMEIDA, Idalto Jose. Presença negra em Londrina: história da caminhada de um povo. PROMIC, Londrina e Fundação Cultural Palmares: Brasília, 2004. / Gina Mardones / Acervo Folha de Londrina / Acervo Londrina Histórica.



Foram encontrado(s) 1 registros relacionados ao pioneiro Antônio Ezídio da Silva - Ezídio Alfaiate
Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Inscreva-se

* respeitamos nossos inscritos, não enviamos spam.

Cookies: nós captamos dados por meio de formulários para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.